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Gestão de água exige maior atenção de governo e empresas



Insumo abundante necessita de gerenciamento para ser acessível a todos

Vicente Guillo, da ANA: “é fundamental que o setor produtivo pague pela água” | Foto por Márcio Bulhões

Dar à água o destaque que ela merece nos debates referentes à sustentabilidade e ao meio ambiente não é apenas justo, mas necessário. Esse foi o tema central do painel “Gestão da água”, no segundo dia da Conferência Ethos 2011. Levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA) indica que o problema de abastecimento de água é generalizado no Brasil. Dos 5.565 municípios brasileiros, estima-se que mais da metade terá problemas de abastecimento até 2015. Para tentar adiar o problema por no mínimo dez anos, são necessários investimentos da ordem de pelo menos R$ 22 bilhões. Nos dias de hoje, 13% dos brasileiros ainda não têm um banheiro em casa. E mais de 700 mil pessoas são obrigadas a recorrer aos serviços de saúde a cada ano, vítimas de doenças provocadas pelo contato com água contaminada por esgotos.

Uma das principais bandeiras levantadas por Vicente Abreu Guillo, diretor presidente da ANA, para uma gestão mais efetiva dos recursos hídricos brasileiros, é a cobrança pelo uso da água das indústrias. “O setor produtivo tem resistido a esse pagamento, que é de fundamental importância”, afirmou. O uso da água, um bem público e nacional, sofre com a falta de regulamentação e a mentalidade errônea de abundância do insumo. “Apesar da óbvia importância da água, ela tem muito pouca relevância política na tomada de decisões”, de acordo com Guillo.

Apesar de refratário ao pagamento, o setor produtivo apresenta também bons resultados na gestão do seu uso de água, diminuindo a captação do insumo do ambiente, reaproveitando-o cada vez mais e melhorando sistemas de captação pela chuva. No Brasil, hoje, o problema da água passa muito mais pela questão da governança do que pela escassez propriamente dita, já que 12% da água doce superficial do mundo se localiza aqui, principalmente na Bacia Amazônica.

A alternativa para que haja um maior controle e melhor gestão dos recursos hídricos atualmente é a implantação de comitês gestores de bacias hidrográficas, que estimulam o debate entre todos os atores envolvidos – poder público, sociedade civil organizada e indústrias. Atualmente, são 180 comitês do tipo e mais 20 organizações de bacias hidrográficas espalhados pelo país, discutindo sobre o uso correto dos seus corpos de água. “Onde há conflito, degradação e escassez de água, os comitês discutem a melhor forma de gestão”, contabiliza Lupércio Ziroldo, coordenador do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas.

Investimentos

De acordo com a ANA, investimentos na ordem de R$ 22 bilhões devem ser feitos para adiar problemas de abastecimento de água em mais da metade dos municípios brasileiros. Esse aporte financeiro deve se destinar a obras de infraestrutura, construção de sistemas de distribuição, novas estações de tratamento e manutenção das antigas. Outro montante deve ser destinado a um problema igualmente importante: o saneamento básico. A ANA estima em R$ 47,8 bilhões seu custo. Sua necessidade, porém, não deve ser discutida.

Ziroldo, do Fórum das Bacias Hidrográficas, também deu dados preocupantes sobre o tratamento de água no país. “O maior poluidor de águas hoje é o consumidor doméstico. Apenas 20% dos esgoto é tratado no país.”

Qualidade

Com o crescimento da população cada vez mais acelerado, assegurar a qualidade dos recursos hídricos é fundamental. Segundo Adalgiso Telles, diretor corporativo das empresas Bunge no Brasil, “para alimentar a crescente população mundial, a gestão da água passa a se tornar uma questão de segurança nacional e econômica”, uma vez que 69% da água utilizada pelo homem é destinada à agricultura.

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(Envolverde)



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