voltar

A moda trilha, devagar, o caminho da sustentabilidade

Ana Carolina Amaral, para o Ethos

Entre os estandes da 3ª Mostra de Tecnologias Sustentáveis, aberta até esta sexta-feira, 14 de maio, em paralelo à Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos, uma expositora de roupas para pessoas portadoras de necessidades especiais dá uma pequena mostra no que a moda pode se transformar. Professora de moda do Senai na cidade de Cianorte (PR), a coleção de Leny Pereira se apropria de sobras de tecidos para produzir em uma escala maior algo que falta muito: modelos mais confortáveis, em que os recortes são em maior número, possibilitando maior comodidade no ato de vestir deste público. Para Leny, “a sustentabilidade impõe à moda não só novos desafios, mas sim um novo papel”.

Além do desafio comum às indústrias de bens de consumo na busca por materiais e processos menos impactantes para o meio ambiente, a moda precisa se voltar à sua função essencial e parar de ser apenas a renovação dos guarda-roupas a cada estação, diz a criadora.  Hoje, critica Leny, as pessoas vestem conceitos que não são seus e que parecem adequados por pouco tempo.  “É como se trocassem de personalidade a cada seis meses”, constata. Quando se considera mais o gosto pessoal na composição de um estilo, aumenta-se a vida útil do produto: mais autêntico, ele não é trocado tão facilmente.

Leny Pereira acredita que mudar o papel de “criadora de tendências” para “criadora de estilos” significa diminuir o ritmo de produção e acalmar o consumo. Apesar de parecer algo longe do real e de interesses conflitantes, essa mudança pode simplesmente corresponder à lógica já vigente no mercado da moda: estar o mais próximo possível da identidade do consumidor.

“Verde” no figurino

“A grande maioria das pessoas só leva em consideração o preço, seja por economia ou por status. Felizmente, já existe uma fatia do mercado que tem a  preocupação ambiental”. Com essa análise, Leny aposta que as decisões de consumo mais conscientes, que envolvem menor impacto ambiental e social, devem provocar mudanças definitivas na indústria da moda. Ela cita o exemplo da cidade onde atua: na paranaense Cianorte, considerada a capital do vestuário, existem mais de 500 confecções. E estas exigem garantias mínimas dos fornecedores. Um exemplo são as lavanderias de jeans, das quais se requer tratamento de água e cuidados com a saúde dos trabalhadores.

A adoção cada vez maior das roupas funcionais é um dos grandes caminhos para a moda, acredita a estilista. “Como ficamos cada vez mais tempo fora de casa, as roupas funcionais se tornam práticas e econômicas.” E, afinal, o que são roupas funcionais? São aquelas que se multiplicam:  vestidos que viram blusas, bermudas que viram calças e o que mais a imaginação permitir.

“Há muito trabalho pela frente para os profissionais do setor, que vão precisar de mais criatividade do que nunca”, conclui Leny, garantindo que as montanhas de coleções em liquidações baratíssimas devem começar a ser substituídas por confecções mais resistentes ao tempo e às lavagens.  Mas não basta que a roupa resista às estações: seu dono também precisa passar longe das vitrines, queimas de estoque e outras armadilhas. Afinal, quando o consumidor faz a sustentabilidade virar moda, a moda também se rende aos princípios que garantem sua perenidade. (Envolverde)

Imagem por Clovis Fabiano

  • Realização

    logo_Ethos

    logo_UniEthos

© Copyright 2009, Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial. Todos os direitos reservados. O Instituto Ethos só aceita patrocínio das empresas associadas. Empresas públicas e mistas são aceitas como empresas associadas e patrocinadoras porque atuam no mercado nas mesmas condições que as empresas privadas. A logomarca do Governo Federal acompanha a logomarca das empresas públicas e mistas patrocinadoras em função da exigência da Instrução Normativa 31, de 10 de setembro de 2003 da Secretaria de Comunicação de Social (SECOM), que essas empresas são obrigadas a observar.