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As empresas no pacto social: buscando alternativas

Bebel Nepomuceno e Danilo Paulino, para o Ethos

Qual o papel das instâncias de decisão nas empresas em relação à sustentabilidade? Essa foi a pergunta que o painel “Repensando a Propriedade do Negócio e a Governança do Século 21”, realizado na sexta-feira, 14 de maio, último dia da Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos, tentou responder. Allen White, CEO do Global Reporting Initiative (GRI), abriu o debate lembrando o conceito de “contrato social”, até então estabelecido entre governo e cidadão, e que hoje precisa incorporar uma terceira parte, o mundo empresarial. “A sustentabilidade é a chave, mas estaria o empresariado pronto para essa mudança? Para repensar e reconstruir, criando uma governança em outras bases?”, questiona.

Carlos Eduardo Brandão, do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), acredita que parte da solução seria ter conselhos gestores diversificados, que representem melhor os diversos stakeholders (públicos de interesse). “Existem exemplos de boas práticas de governança, usadas no Brasil e outros países, baseadas em quatro alicerces: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa”. No entanto, falta regulamentação, já que não existe uma lei que torne obrigatória a adoção desses princípios. As possibilidades do mundo virtual, segundo White, permitem práticas como as ações de “nanossegundo”, quando acionistas são “donos” de empresas por apenas uma fração de segundo, tempo suficiente para gerar o lucro, e depois têm os ativos transferidos para outros investimentos.

Embora algumas mudanças já tenham ocorrido nos últimos 20 anos, elas têm sido lentas e estão longe de resolver os complexos problemas socioambientais, apontou Simon Zadek, senior fellow da J. F. Kennedy School of Government, na Harvard University. Ele acredita que o modelo anglo-saxônico mostrou-se incapaz, e que outros modelos devem ser observados com atenção. Cita o exemplo da China, que tem mais de 30% dos ativos financeiros vindos do Estado, evidenciando a parceria público-privada. Quando questionado sobre as condições de trabalho, do meio ambiente e dos direitos humanos, esquivou-se, dizendo que não defende o modelo chinês.

Allen White concorda parcialmente, mas rebate. “O crescimento econômico da China não pode ser mensurado dessa maneira, sem levar em conta os capitais sociais, humano e ambiental. Esse não é um crescimento sustentável e questões graves certamente vão aparecer no longo prazo”. (Envolverde)

Imagem por Marcio Bulhões

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