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O acionista em último lugar

Denise Ribeiro, para o Ethos

Respeito a todas as formas de vida. Essa máxima resume a essência do primeiro princípio da Carta da Terra no entender do consultor empresarial Oscar Motomura, o primeiro palestrante da quarta-feira, 12 de maio, da Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos. Motomura, que faz parte do Conselho Internacional da Carta da Terra, cujo objetivo é fazer com que o documento retorne às origens, ganhe nova vida e “caia nas mãos de 7 bilhões de pessoas”, provocou a reflexão da plateia, com perguntas instigantes. “Quem sou eu?”, “Quem está assistindo à Conferência, você ou seu cargo?”.

Motomura convidou todos a pensarem como pessoas que compõem a sociedade, mesmo nos momentos em que é preciso tomar decisões estratégicas. “A partir do momento em que respeitamos todas as formas de vida, a integridade ecológica, a justiça social e econômica e a cultura para a não violência, inclusão e democracia acontecem naturalmente”, disse.

Ele instigou os gestores a refletirem sobre as consequências dos seus atos. “O pensamento sistêmico nos permite isso. É preciso ter consciência sobre o alcance das nossas decisões. Entender que não se trata de um ato meramente gerencial, mas que pode causar problemas sérios, como injustiça social e econômica, e até mesmo guerras”.

Um dos conceitos mais interessantes abordados por ele foi o da hierarquia da atenção dada aos stakeholders (público de interesse). “Em primeiro lugar vem as pessoas a quem a gente serve, as comunidades onde estamos inseridos. O acionista é o último na hierarquia. Quem não dá atenção às pessoas não merece o benefício do lucro”. Segundo ele, isso se faz provocando um diálogo profundo e verdadeiro e convidando os stakeholders a participar, inclusive, do planejamento estratégico da empresa.

Organizações empenhadas na construção de uma sociedade mais justa e sustentável precisam enfrentar esses desafios. Gestores, empresários, legisladores, juízes, comunidades ribeirinhas, indígenas, todos, enfim, precisamos investir em nossa própria evolução. “Não é ético o juiz que julga um ato pela letra da lei quando o mais sábio é decidir pelo espírito da lei, nem deixar de expressar o melhor de nós a cada momento do dia. Esse é o caminho da mudança”, exemplifica.

Ousadia para assumir riscos, sutileza para entender (e rejeitar) manipulações embutidas em negociações, coragem para enfrentar desafios e vencer medos e omissões. Motomura não torna nossa vida fácil, mas deixa claro que, com disposição para irmos ao encontro da realidade, onde ela de fato acontece – em vez de nos atermos apenas a estatísticas e planilhas –, retornaremos à essência do nosso ser. “Quando conseguirmos nos conectar com esse núcleo interior, impedindo o ego de falar mais alto, começaremos a evoluir. A evolução depende, em 90%, do nosso autodesenvolvimento, da nossa capacidade de superar nossa ignorância em vários campos da vida e de construir competências básicas para conseguirmos nos expressar e fazer entender, contribuindo para que ocorram diálogos mais produtivos e nutrientes”, conclui. (Envolverde)

Imagem por Fernando Manuel

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