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O Brasil na encruzilhada: para qual direção iremos?

Neuza Árbocz, para o Ethos

A Conferência Internacional 2010 do Instituto Ethos reuniu 1.700 pessoas que se debruçaram sobre as possibilidades futuras para o Brasil e para o mundo durante três dias de diálogos intensos e profundos. Como conclusão, o sentimento de que se trata de um momento crucial para a história humana, onde as decisões de agora podem firmar um caminho para um mundo justo e em equilíbrio, ou repetir modelos inadequados que intensificarão as dificuldades da vida na Terra. Durante o evento, foram ouvidos 78 palestrantes que partilharam soluções possíveis para os desafios atuais, e realizadas inúmeras rodas de diálogo para ampliar sua assimilação e análise. Ficou claro que há tecnologia e recursos para a transformação necessária e que o desafio maior está na mudança de visão de mundo, com a reorganização dos valores, ficando a solidariedade e o bem-estar de todos os seres vivos em primeiro lugar.

O Brasil está em uma posição privilegiada por suas condições naturais e seu protagonismo no campo das energias limpas, podendo dar o exemplo se não repetir erros cometidos em outros países, ao simplesmente copiar sistemas de interação social e produção de bens e serviços que geraram os problemas atuais de conflitos, pobreza e esgotamento dos recursos naturais. Na manhã da sexta-feira, 14 de maio, último dia da Conferência 2010, a plenária intitulada “Que Caminho Temos Diante de Nós” abordou que direção tomar para criar o futuro desejado. Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Instituto Ethos, iniciou o diálogo realçando que a rota proposta pela instituição é a de uma economia “verde”, inclusiva e responsável. “Precisamos tomar cuidado com as palavras. Um mesmo termo pode ter significados diferentes para os que o usam. Se falamos em sustentabilidade, por exemplo, para alguns isto pode significar apenas a ambiental, sem modificar as desigualdades sociais”, salientou Itacarambi. Em seguida, explicou o sentido considerado para o objetivo abraçado pela organização.

A economia “verde” é aquela que respeita os sistemas naturais; “inclusiva”, que tem todos os processos produtivos, inclusive de povos tradicionais, integrados, e “responsável”, que seja ética e comprometida com o bem-estar de todos. O maior resultado visado é a existência de uma sociedade sustentável e justa, salientou Oded Grajew, presidente do Ethos, presente na plenária. Questionamentos sobre a viabilidade de se percorrer este caminho surgiram em diversas perguntas dos participantes. As dificuldades das empresas promoverem as mudanças de forma isolada foram lembradas. Grajew esclareceu que o Ethos tem ciência da necessidade de expandir a adesão à responsabilidade socioambiental para todas as instâncias da sociedade. Por isso, vem intensificando seus trabalhos por melhores políticas públicas. Para que estas surjam, Grajew lembra que são necessárias mobilização e pressão da sociedade civil. Convidado para a plenária, Ernst Ligteringen, CEO da Global Report Initiative (GRI) e conselheiro internacional do Ethos, observou que estamos transformando modos de pensar (mindset) e que isto demanda insistir nas mensagens. “As pessoas precisam ouvir uma mesma história seis ou sete vezes até acreditar que ela é verdadeira”, acrescentou.

Aron Cramer, CEO do Business for Social Responsability, outro conselheiro internacional presente, observou que é preciso ter em vista a melhoria das condições de vida de todos em tudo que se realiza. Se cada pessoa se pautar por esta intenção ao agir, criaremos um futuro melhor, superando as crises atuais, afirmou. Simon Zadék, da Universidade de Harvard (Estados Unidos) e também conselheiro do Ethos, acrescentou que novos modelos de negócios mais colaborativos estão se consolidando. Citou o exemplo da empresa Facebook, que consultou seus usuários para tomar decisões quanto à privacidade na Internet. “Planejar para a base é um bom caminho”.

“Nós do Ethos acreditamos que podemos construir a economia verde, inclusiva e responsável no Brasil”, enfatizou Itacarambi ao final da plenária. “Tenha o propósito e os meios aparecerão”, declarou Sérgio Mindlin, presidente do conselho do Ethos. Para quem se sente desanimado face às dificuldades e resistências a enfrentar, fica o recado de Oded Grajew. “Quando encontro um problema, isto me anima. Penso: ‘Opa! Vamos resolvê-lo!’”, declarou o líder, cutucando uma platéia na sua maioria mais jovem do que seus 65 anos.

Entre as prioridades pós-conferência, o Ethos incentivará a ação local. Para tanto, lançou em conjunto com o Movimento Nossa São Paulo um Fórum Empresarial de Apoio à Cidade de São Paulo na sequência da plenária. O Instituto lembrou os grupos de trabalho que mantém abertos aos interessados em seguir construindo o caminho para o futuro desejado e anunciou que divulgará seu plano de ação para os próximos 10 anos ainda este ano, considerando também as discussões realizadas no evento. (Envolverde)

Imagem por Fernando Manuel

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